Lota Tavira
No desenvolvimento do projeto para a nova Lota, mantivemos um firme compromisso com as diretrizes e especificações técnicas definidas no Documento de Orientação (D.O.), incluindo afastamentos, número de pisos, pé-direito, alinhamentos dos planos de fachada, profundidade das empenas e tipologias programáticas. As orientações descritas no caderno do concurso foram rigorosamente seguidas, assegurando uma abordagem que respeita a ideia inicial com fluidez e coerência.
A nossa estratégia baseou-se nas limitações impostas pelo regulamento, mas reinterpretou essas restrições para criar uma imagem ajustada à leitura contemporânea. O projeto pretende refletir e relacionar-se com o seu contexto físico e social, promovendo uma integração harmoniosa com o envolvente.
Globalmente, o edifício proposto caracteriza-se por uma arquitetura contemporânea, definida por um volume cúbico revestido com uma matéria semi-translúcida, que repousa sobre uma base em betão aparente. A estrutura evoca a ideia de uma “casa” que emerge da terra ou, mais precisamente, que se confronta com o seu próprio contexto. O projeto é concebido como um elemento quase transparente que se mistura com o horizonte, criando uma sensação de leveza, mas ancorado por elementos sólidos em betão para garantir estabilidade. Esta abordagem pode ser visualizada como um barco fundeado a 35 milhas da costa, ancorado, mas ainda em diálogo com o horizonte.
Os dois volumes sobrepostos do edifício atingem uma altura máxima de 4,85 metros. Em conformidade com as diretrizes do programa, que busca uma clara segregação entre as categorias programáticas, foram propostas duas cotas de soleira diferenciadas no interior: 5,50 metros para a área destinada a funcionários e utentes, e 4,50 metros para a zona de cais de descarga, preparação e expedição. Esta organização espacial assegura uma funcionalidade eficiente e uma clara definição dos diferentes espaços dentro da nova Lota.